Idas (s)E(m) Voltas


 “Nada na vida é tão difícil que eu não possa superar.”

Então, eu fico. Fico e nem olho para trás. Fico, olho para a frente e limito-me a ver-te partir. Podia pedir-te que ficasses, mas sei que, tanto como eu, precisas de ir. A única coisa que nos separa neste momento é a coragem que revelas no ato de partires. Podia ir contigo, mas não tenho essa coragem. Todos os lugares para além daquele onde me encontro, ainda que me despertem uma certa curiosidade e sede de conhecer, dão-me nós na barriga, deixam-me ansiosa, por isso prefiro ficar. A verdade é que tenho medo de tudo aquilo que me é desconhecido.

Receio que tenha motivado a tua ida... Receio que não te tenha dado motivos para ficares... Sei que fizeste tudo por mim. E para mim, isso chegou. Sei também que é difícil para ti o facto da minha família e dos meus amigos nunca te terem aceitado. Mas eu aceito-te, aprovo-te e isso é tudo aquilo que precisas de saber, mesmo que escolhas partir.

Sinto que somos inseparáveis, por isso não te impeço que vás. No entanto, com a tua partida, tudo nos separa e julgo que mal chegues ao teu destino, tornar-nos-emos separáveis. Aliás, assim que partires. Ainda assim, conto contigo. Conto contigo para me ajudares. Para me levantares. Para me apoiares. Para nunca me largares. Para nunca desistires de mim. E mais importante que tudo: para que nunca me dês motivos para te largar. Conto contigo para tudo isso, porque isso é tudo aquilo que tenho para te dar. Mais que não seja porque, independentemente da distância que nos há de separar, o meu coração continua a pertencer-te. Eu continuo a pertencer-te. Espero que, mesmo que vás para longe, nenhum lugar seja tão longe que não possas voltar.



Se me deixares, ensinar-te-ei a amar. Faço-o porque quero que voltes. Se me continuares a dar motivos, tornar-te-ás insubstituível.  Permito-o porque quero que voltes. Se eu esperar por ti, tu voltas?

Sei que não vai ser fácil para ti. Sei que também não vai ser fácil para mim. No fundo, sei que não vai ser fácil para nenhum de nós... Mas nada na vida é tão difícil que nós não consigamos aguentar. Nada na vida é tão difícil que nós não consigamos superar.

Despeço-me de ti dizendo-te "Até já". Digo-o, porque ao dizê-lo, magoa-me menos. Porém, sei que me magoará mais caso não voltes. Espero que encontres aquilo que tanto procuras. Espero que, finalmente, te tornes naquilo que nunca te deixaram ser. Quero pedir-te que fiques. Mas não tenho coragem... Da mesma forma que não tenho coragem de partir contigo e deixar a minha vida inteira aqui. Quero fazer-te ficar. Mas quem sou eu? Quem sou eu para fazer com que abdiques seja do que for? Quem sou eu para impedir que faças aquilo que precisas de fazer? Perdoa-me. Perdoa-me por não te dizer que não quero que vás. Perdoa-me por não dizê-lo sequer uma vez. Vai! Vai e sê feliz, como tanto mereces. Mas volta.

                “Nada na vida é tão difícil que eu não possa superar, e nenhum lugar é tão longe que tu não possas voltar.”



                “Nenhum lugar é tão longe que eu não possa voltar.”

Então eu vou. Vou e nem olho para trás. Não vejo as coisas que deixei para trás. Não vejo as pessoas que deixei para trás. Mas tu sabes que eu nunca olho para trás. Eu já sei onde estive, agora vou saber onde vou. E é por isso que vou.

Por ti eu fiz tudo. Mas não chegou. Nunca chegou. A tua família nunca me aceitou. Os teus amigos nunca me aceitaram. Eu nunca precisei de perder para dar valor. Mas vocês nunca me deram valor. E agora é tarde. Agora já viram aquilo que perderam. Mas eu já fui.

Eu vou estar longe daqui. Vou estar longe de ti. Vou estar longe de tudo. Vou estar longe de todos. Vou estar longe de tudo aquilo que amo. E vai ser difícil, eu sei. Vou ter saudades. Vou chorar. Vou querer voltar. Mas não vou voltar atrás. Vou seguir em frente mesmo com medo. Mesmo sem ti.



Independentemente da distância que nos separe, nunca nada nos vai separar. Eu vou estar sempre aqui para te ajudar. Para te levantar. Para te apoiar. Eu nunca te vou largar. Eu nunca vou desistir de ti. Eu vou estar sempre aqui para ti. Longe ou perto os meus pensamentos pertencem-te a ti. Tudo em mim te pertence. E, mesmo indo para longe, nenhum lugar é tão longe que eu não possa voltar.

Promete que me ensinas a amar. E eu prometo voltar. Promete que não metes mais ninguém no meu lugar. E eu prometo voltar. Promete que vais esperar. E eu prometo voltar.

Sei que não vai ser fácil. Sei que vai custar. Vai ser difícil. Mas nada na vida é tão difícil que tu não consigas aguentar. Nada na vida é tão difícil que tu não consigas superar.

Então eu digo-te “adeus”. Vou procurar aquilo que aqui não encontrei. Vou ser aquilo que nunca me deixaram ser. Vou fazer aquilo que mais ninguém fez. Vou viver da maneira que sei. Cresci no meio de partidas e chegadas. Idas e regressos. E isto pode ser uma ida com volta. Mas também pode ser uma ida sem retorno. Uma ida sem volta. E dói. Dói dizer adeus. Não estou preparado para o dizer. Mas chegou a minha hora e tenho de te dizer. Digo-te “adeus” e peço-te que me faças ficar. Diz que não queres que eu vá. Diz-me uma última vez. E eu fico. Prometo ficar.

                “Nada na vida é tão difícil que tu não possas superar, e nenhum lugar é tão longe que eu não possa voltar.”
 

Ana Catarina Carrasco
Leandro Peleja


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